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Thaís Freitas 15 de Março de 2024 6 min de leitura

Desvendando a acessibilidade digital: experiência completa

A acessibilidade é essencial e está em todos os lugares, independente de hardware, software, idioma, local ou capacidade. Em sua terminologia, acessibilidade significa acessi: dar acesso a informação e bilidade: habilidade de acessar a informação.  

Em um mundo cada vez mais interconectado, é muito comum encontrar obstáculos ao fazer uso de um produto ou serviço, como ao pagar contas online, encontrar problemas de som ao executar um vídeo, em precisar se esforçar para entender as entrelinhas do texto de uma promoção ou não conseguir preencher um formulário por deparar-se com alguma dificuldade. Essas questões, por exemplo, podem ser entendidas como problemas de acessibilidade digital.

Existe uma visão predominantemente estigmatizada ao presumir o que é acessível ao considerar apenas questões de pessoas com deficiência, pois qualquer indivíduo pode ter a experiência do usuário comprometida caso a solução não seja adaptada para as necessidades e interesses do público específico.

 

A importância de plataformas e produtos com acessibilidade digital

É extremamente importante garantir que a experiência do cliente, por exemplo, seja acessível e proporcione independência ao usuário na realização das tarefas. Ao criar produtos e plataformas que contemplem as mais diversas necessidades, ampliamos a participação de pessoas com diferentes habilidades e características. Isso beneficia diretamente e enriquece a experiência do usuário.

 

“O poder da web está na sua universalidade. O acesso por todas as pessoas, independentemente de suas deficiências, é um aspecto essencial “. 
 Tim Berners-Lee - Diretor da W3C e criador da web

 

Soluções originalmente destinadas a atender necessidades específicas muitas vezes acabam por melhorar a experiência global do usuário, e refletem em um compromisso ético com a igualdade, inclusão e respeito pela diversidade. Ao priorizar a acessibilidade digital, ganhamos novas possibilidades em um mundo digital que realmente seja para todos.



Principais diretrizes para conquistar a acessibilidade digital 

A acessibilidade digital é obrigatória e garantida por lei. Criada como uma forma de assegurar os direitos de pessoas com deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão foi concebida em 2007, a fim de cumprir com as definições assinadas pelo Brasil na Convenção Internacional da ONU, e é uma grande aliada na integração, inclusão digital e física, com o propósito de democratizar o uso igualitário da internet para todos. 

Nesse mesmo aspecto, temos a WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), ou Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web, que são orientações de acessibilidade para conteúdo na web, destacadas como um padrão mundial de acessibilidade online. Nele são pontuados quatro tipos de acessibilidade digital: 

 

Perceptível

Apresentar todas as alternativas em texto e multimídia visual baseada em tempo. Deve ser adaptável e discernível e disponível aos sentidos. Informações necessárias para navegação não devem estar ocultas ou escondidas na tela.

 

Operável

Oferecer outras opções de interação, como ser acessível por teclado, com tempo suficiente para execução, com um cuidado maior no uso de animações rápidas e pop-ups intrusivos que podem gerar possíveis convulsões e reações físicas. Deve ser navegável com outras modalidades de entrada que na tela possam rolar, deslizar, usar comando de voz e tecnologia assistiva.

 

Compreensível

Botões legíveis e direcionamento previsível. Deve possuir assistência de entrada de forma lógica e concisa para todos.

 

Robusto

Precisa ser compatível com a maior quantidade de dispositivos possíveis, inclusive dispositivos assistivos.



Os maiores desafios da implementação de acessibilidade 

Segundo um estudo do MWPT e BigData Corp, menos de 1% dos sites no Brasil possuem acessibilidade adequada para todas as pessoas, isso em mais de 14 milhões de sites ativos no Brasil. 

É nítido que ainda há um longo caminho a ser trilhado em direção à conscientização sobre a importância da acessibilidade digital no Brasil. Apesar de seu valor inquestionável e extrema necessidade, as empresas ainda enfrentam desafios, como:

 

  • Falta de conscientização: muitas organizações possuem resistência cultural e atitudinal em relação ao assunto ou não compreendem totalmente como a falta de acessibilidade digital pode excluir grupos importantes de usuários e até impactar na reputação da empresa.

 

  • Falta de adesão: embora existam padrões e diretrizes estabelecidos, como o WCAG, nem sempre são seguidos de forma consistente. A falta de adesão a esses padrões dificulta a criação de interfaces e conteúdos que atendam a critérios acessíveis.

 

  • Custo e recursos limitados: Implementar práticas de acessibilidade pode ser percebido como custoso em termos de tempo e recursos. Isso pode levar muitas organizações a priorizarem outros aspectos do desenvolvimento de site, por exemplo, postergando projetos de acessibilidade digital.

 

  • Não conhecer o usuário: projetar sem pensar na experiência do usuário e em seus interesses específicos e diferentes, pode resultar em produtos que não atendem adequadamente às necessidades. É preciso testar e conhecer bem quem irá utilizar o produto ou serviço.

 

Superar esses desafios requer um esforço colaborativo de organizações, designers focados em UX, desenvolvedores e políticas que possam promover uma cultura que valorize e priorize a acessibilidade digital.

 

Caso Apple

Em 2018 a Apple, uma das maiores empresas de tecnologia enfrentou um processo sob a queixa de que seu site não era acessível para deficientes visuais. Isso fez com que a empresa incluísse um consultor qualificado que pudesse adequar sua acessibilidade digital conforme a WCAG, treinando colaboradores sobre atualização das normas e testando regularmente suas aplicações.

Os esforços da empresa em melhorar questões de acessibilidade em seus produtos e serviços vem sendo reconhecidos com prêmios como Eleanor Roosevelt, Louis Braille Award, além de uma homenagem pela AFB (American Foundation for the Blinds), ou Fundação Americana para Cegos, com o prêmio Helen Keller. 

Tim Cook, CEO da empresa, explicou que: “É um valor básico da Apple. Não fabricamos produtos para um grupo específico de pessoas. Nós fazemos produtos para todos. Sentimos fortemente que todos merecem uma oportunidade igual e um acesso igual. Não fazemos acessibilidade de olho em um retorno no investimento. Já me perguntaram isso antes e a resposta é sempre não. Nós não nos importamos com isso.”

 

Projetando um futuro mais acessível 

As diretrizes de acessibilidade não estão separadas por deficiências, uma recomendação pode atender mais de um tipo de pessoa, e o impacto positivo possibilita maior reconhecimento de marca, paralelo ao papel de responsabilidade social em oferecer um acesso universal para todos.

Existem diversas diretrizes que podem servir de base para repensar como atender a maior parte das pessoas e suas expectativas. Como por exemplo, temos o design universal, uma forma de parâmetro para novos produtos e serviços, também associado como design inclusivo, seus princípios são:

 

1. Equidade no acesso e utilização 

O design deve ser acessível e funcional para pessoas com diversas habilidades.

 

2. Flexibilidade de uso 

Deve ser capaz de se adaptar a uma ampla variedade de habilidades e preferências individuais.

 

3. Simplicidade e aspecto intuitivo 

O produto deve ser fácil de entender e usar, independentemente do nível de experiência, conhecimento, competência linguística ou concentração do usuário.

 

4. Comunicação eficaz 

O produto deve fornecer informações de forma clara e compreensível, independentemente das condições ambientais ou habilidades sensoriais do usuário.

 

5. Tolerância a erros

Minimizar os efeitos adversos de ações acidentais, consequências adversas ou não intencionais.

 

6. Conforto físico 

Deve ser utilizado de forma eficiente e confortável, com o mínimo de esforço físico.

 

7. Adequação do espaço e dimensões

Deve fornecer espaço e tamanho adequados para utilização e interação, independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário.

 

É imprescindível entender que a aplicação dessas diretrizes não deve ser vista como um objetivo isolado a ser alcançado durante a fase final do desenvolvimento de um produto ou serviço, mas sim como um processo integrado desde o início até o fim, incorporado em cada etapa do projeto.

Adotar uma mentalidade voltada para a acessibilidade digital pode representar um desafio para grandes empresas e organizações. No entanto, ao empregar as ferramentas adequadas, os benefícios a longo prazo incluem a conquista de um público mais amplo e a criação de uma imagem positiva da marca, produto ou serviço. Além disso, essa ação contribui de forma responsável para tornar a web mais inclusiva para todos os usuários.


Para entender um pouco mais sobre os benefícios de ter um site focado na experiência do usuário ou para descobrir como compreender melhor estratégias de performance de site que podem converter visitantes em leads, conheça outros conteúdos sobre o CMS HubSpot em nosso blog.

 

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Thaís Freitas

Acredita que o mundo melhora através do design e utiliza HubSpot para projetar soluções inovadoras em infinitas possibilidades!